quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O Cheiro do Café

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Quando se vai analisar as características olfativas de um determinado elemento, ou analisar diferenças entre elementos, como perfumes, cheiro de uma determinada roupa, ver se esta roupa está com cheiro x ou y, um elemento será muito útil: o café.
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O Café é um ótimo elemento neutralizador, ele consegue "apagar" sua "memória olfativa recente" e tornar o próximo elemento a ser testado mais puro, mais próprio, sem a interferência histórica do último recente elemento cheirado.
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Pois bem, experimente abrir um vidro de café solúvel, colocá-lo com a borda na altura de seu queixo, e respirar tranquilamente. Repita este processo respiratório por cerca de um minuto. Notarás que ao final deste período o cheiro do café não terá o mesmo efeito sobre o seu cérebro, tu não sentirás mais ele com mesma intensidade, acostumando-se com a tal característica peculiar do café.
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Ora, se o café, que é um elemento neutralizador, causa este efeito, imagine substâncias mais voláteis, mais agudas, doces ou salgadas, como a raiva, a saudade, mas principalmente, o amor. Amor pelo amado ou a amada, amor pelo pai ou mãe, pelo irmão, e, pela irmã.
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O que é admirável é como o cérebro leva tanto tempo para "não estar mais acostumado com tais substâncias", já que nestas ele não leva um minuto para compreende-las e cair no ócio, leva dias, meses, e muitas vezes anos. É bem possível que seja pelo desafio, pelo algo novo, algo a mais, pela peculiaridade que é característica de cada um destes elementos mais "únicos" e menos neutros.
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Para mim, a resposta é simples. Quando se cheira o café por um minuto, ele não perde seu "brilho" porque perdeu alguma característica química ou física, nós é que o cheiramos de maneira diferenciada com o passar do tempo. O café continua sendo o café. Assim como a raiva, a saudade e o amor continuam sendo os mesmos, mesmo que por um breve momento, ou um, ou outro, sinta que este elemento perdeu seu brilho.