segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Coisas de fim de ano

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Lembro-me de quando o ano levava um ano para acabar. O verão começava em dezembro, terminando no início de março, portanto, o ano começava mesmo era em março, terminando no meio de dezembro. O ano letivo custava a passar, cada bimestre parecia o próprio ano com a questão das notas e a coisa toda. Em julho, o "mês" das férias, era outra eternidade, tempo suficiente para fazer diversas atividades, passar uma semana na casa de cada tio, ficar muito tempo em casa "fazendo" absolutamente nada, e, na última semana, ainda sobrava-me tempo para sentir saudades da escola e dos colegas, contando ansiosamente as "Sessões da Tarde", como um cronômetro de reinicio das atividades escolares.
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Quando temos um ano de vida, aquele ano é 100% de nossa vida, ou seja, todo o tempo do mundo, nosso mundo. Já no segundo, um ano é metade dela, assim, tendo dez anos, um ano corresponde a 10% de nossa existência. Então percebemos que nossos anos passam cada vez mais depressa. É muito mais "rápido" analisarmos o ano que acabamos de passar, para alguém de vinte anos, do que para alguém de cinco, já que este período, para o ser de vinte, é "muito menos tempo de vida" em sua existência do que para o mais jovem.
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Acredito que uns cinco ou seis meses atrás, estávamos nos "impressionando" ainda com o "novo" Especial Roberto Carlos, quando o locutor diz naquela voz grave "E dia 25...", aí dá-se um silêncio no aparelho áudio visual, aparece o mesmo cabeludo azul de sempre dizendo "quando eu estou aqui"... Nada disso, já faz um ano. Aliás, estamos mais perto do próximo "especial" do que do último, pois já devem ter lhe dito que o tempo não volta.
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E hoje, 27 de dezembro, estamos no período onde esta "velocidade" demasiada de nosso calendário biológico/mental é mais notável. Todo fim de ano blá blá blá... blá e blá. E essa coisa toda. Olha, impressionante o significado de todos os "blá’s". Não vamos nem entrar no "pré - blá", quando atingimos 75% do ano e começam os carros de som com os "(...)noite infeliz, noite infeliz(...)" e suas promoções de "primeira só depois do Natal" nos expulsando logo do ano que estamos, e nos enfiando goela a baixo o seguinte. Que nossos dias estão morrendo cada vez mais cedo é fato, não há volta, e sabemos que essa redução acelera numa PG com razão variável. Contra esse fenômeno não podemos lutar.
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Não sou otimista como um certo Ser do Norte, mesmo respeitando, lendo, "portanto", aprendendo também com este Ser, prefiro minha mente e meus pensamentos mais reais, mais lúcidos. Torço pelos acontecimentos e procuro agir conforme minha consciência requer, porém, sempre com o objetivo de, se, veja bem, se! algo surpreender, que seja de maneira positiva, pois a esperança não é a última que morre, e sim a que te mata. Embora, não recordo-me de algo me surpreendendo, fico sim feliz, ou infeliz, por vezes, com determinados fatos, que também por vezes, possam parecer surpreendentes. Porém, surpreso não é algo comum.
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O prólogo "intermediário" não fugiu da pauta. Nesses vinte e tantos anos de minha existência, onde aceleramos naturalmente o fim de cada ano, como que num mecanismo mental/evolucionário para uma possível procura desesperada de melhora, até o momento irrisória, analisando o histórico, noto algo ruim, "e não tri" no "gráfico" da vida (minha vida), a tendência é piorar. E, mesmo que coloques aí, em suas impressões, que sou demasiado jovem para tais colocações, saibas que não sabes o que sei, nem as concepções que perambulam em minha mente, portanto, não sabes o quão sábio ou aprendiz eu seja.
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Não com discurso maníaco depressivo, ou catastrófico, e sim de consciência real de situação. Simples e triste, se não tivemos melhora em nenhum dos anos deste período, o que te fazes pensar que este será o ano da melhora? Porque depois de amanhã é Virada de Ano? Porque desta vez prometemos que será diferente? Comeremos lentilha também? Piça, todos os dias acordamos (mundo humano) com a última grande chance e não fizemos porra alguma com ela.
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Assim como fiéis aglomeram-se aos domingos pedindo perdão ao seu deus pelos pecados que cometerão a partir de segunda, prometemos ao início de cada ano algo que não servirá como projeto de vida deste ano, e sim de um pedido de desculpas esfarrapado pela grande merda que fizemos no ano corrente. É vergonhoso iniciar um ano prometendo algo que lhe esteve nas mãos durante toda uma vida e não foi feito.
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Não cometerei este erro. Depois de amanhã, não vou começar a acordar mais cedo, não vou falar menos palavrão nem perdoar aqueles que são meus inimigos, não vestirei branco nem comerei lentilhas. E, daqui um ano, o que está me parecendo ser daqui algumas semanas, sentarei, ruminarei as verdades e mentiras que contei e que me foram contadas, e pensarei: Foda-se.
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2 comentários:

Anônimo disse...

é..., ..., é isso aí. sem mais palavras no momento.
SimoneMaggi

Anônimo disse...

Mas BAHHHH ... enfim ...tudo!
Uma coisa... não escreva absolutamente nada após este texto, nada que não SEJA igual ou tão bom quanto este!
Ana