quarta-feira, 22 de abril de 2009

Diferentes, mas iguais

Quando se viaja, e, nos caminhos, notam-se campos, sejam de criação de gado, plantações, ou, até mesmo grandes gramados residenciais, é sempre interessante analisar a homogeneidade daqueles tapetes verdes. Sempre fico imaginando como seria ver de perto aquela textura, que, de longe, parece tão bem tramada, tão bem desenhada. De longe, um campo onde se cria gado parece um gramado de futebol inglês, exceto pela irregularidade geológica, que, embeleza ainda mais a paisagem. Outro desse fenômeno, é um exemplo tão diário que torna-se expressão popular, o gramado do vizinho, que é irritante de tão verde e bem cortado.
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Analogias são fantásticas. A analogia é um curinga do diálogo explicativo. Com ela podemos relacionar assuntos extremos, mesmo que absurdos, e passarmos a idéia desejada. Sempre há uma analogia compatível para a explicação que se quer dar. É um elemento tão eficaz que tu podes usar, por exemplo, futebol, política e religião para explicar qualquer assunto. Mas, cuidado, deve-se sempre tornar explicita tua intenção, e não confundir tais assuntos com coisas sérias da vida. Pois, dessa forma, terás que usar diversas analogias para explicar teu equivoco. Mesmo que esse equivoco na verdade seja um problema interpretativo de quem ouviu, e, lembre-se, cada um escuta o que quer.
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Se eu não vejo a grama do vizinho, não me aborreço. E assim é com tudo, a ignorância, além de ser uma bênção, é a mãe da felicidade, então, quanto menos gramados olhares, mais verde será o teu, e mais feliz tu estarás.
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Por vezes, se aborrece com o carro importado que aquele imbecil anda, ora! ele almeja a namorada do observador, ou o próprio ser que pretende o carro. O ser A’ gostaria de poder ver como o ser B’. Já o ser B’, inveja o dom de andar do A’. "E por aí vai, e por aí vamos". Um quer um emprego, outro quer apenas que seu pênis fique ereto. Um quer seu filho de volta, outro gostaria de conhecer os pais. Um quer fazer uma faculdade, o outro gostaria de poder sorrir. Uns querem ser mais inteligentes, outros, menos, acredite, há!
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Se, o ser A’ pudesse ver, e deixasse de andar, seria mais feliz? A vida é verdadeiramente má, e assim como nos dá, nos tira. É um processo evolucionário cruel, mas eficaz. Queres andar até o ponto X? Andas, mas cansarás.
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Já estive em diversos gramados, sou novo, mas sou bom observador. Já estive também em grandes campos de criação de gado, nenhum desses gramados eu troco pelos fundos da minha casa. E, note, que o Duff deixou aquilo ali uma Lua de tantas crateras, e um Senado de tantos... bom, não vamos sujar o texto. A vida dos outros pode até servir de parâmetro para que tu trace projetos e faça seu dia menos triste, mas não compare o sucesso do outro com suas frustrações. O outro possui frustrações tão ou maiores que as suas. E quer saber? Nenhum gramado é verde, cada um é de um tom, mas todos de um tom amarelado.
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Felicidade é o caos. 2

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Só para começar, ou, apenas, complementar, eu sempre tenho razão. Já expliquei logicamente como essa persuasão íntima se mantém em O Cérebro do Cão.
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Ali pelo terceiro semestre, no curso de Arquitetura e Urbanismo, sentamos, nós, crus, ali no corredor, apenas com a 0,9, o bloco de manteiga e uma borracha macia em mãos. A Marga, nossa mentora gráfica, mostrava-nos como fazer o desenho em perspectiva do corredor, sem o auxílio de régua. Estendíamos o braço, com a lapiseira em riste, relacionando-a com os objetos que traçaríamos. Simples, nossa perspectiva é diretamente relacionada ao nosso ponto de vista.
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Costumava ficar puto com uma facilidade absurda. Pessoas que eu nem conhecia passavam na minha frente, e pela sua "lata", seu jeito, já me irritava. Hoje não faço mais isso, essas pessoas continuam sendo ignorantes, más, boas de mais, ou qualquer coisa que não seja espelho, mas a perspectiva do ruim mudou para o meu ponto de vista. Não sei se ajeitei minha cadeira mais a frente, ou mais no fundo desse "corredor" que traço diariamente, mas não sento mais no mesmo lugar. Essa mudança ocorre todos os dias, a cada segundo. O tempo é dinâmico e nossa percepção sobre o fato é tão ou mais que o tempo, sendo, vezes nosso aprendizado proporcional aos fatos que vivemos, como numa progressão aritmética, mas, noutras, numa PG com razão imensurável. São nesses momentos singulares, de razão (de PG) estranha é que os resultados são mais visíveis.
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Como eu já havia dito em Felicidade é o Caos, meu combustível não é estar bem. Deve-se procurar o bem-estar, mas é o concertar de coisas defeituosas que nos faz evoluir. Certos fatos, que me fizeram mudar a posição da cadeira no corredor diário, mudaram meu conceito do que é ruim ou não. Assim, acontecimentos que me muniam negativamente para a criação, não estão funcionando mais. E, já que é para anotar o lado limpo do papel, isso é bom no sentido cardiológico.

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