sábado, 22 de agosto de 2009

A caixinha do Senado Federal

...
Os médicos acreditam que são Super Homens. E, conheço alguns que realmente são. Conheço um em particular, que não é apenas Super Homem, ele é um mito vivo na cidade onde mora. Sério. Mas, a maioria, são os outros. Os outros, apenas acreditam ser. Conta a lenda, que, certa feita, numa certa cidade do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, havia uma Super Secretária. Essa Secretária estava sempre nas reuniões médicas dessa cidade, juntamente com os Super Homens. A lenda conta ainda, que, sempre que algum Super Homem falava alto de mais, ou batia na mesa, por qualquer assunto que seja, que não fosse do agrado da Super Secretária, ela retirava da bolsa uma caixinha. Abria a caixinha, e, todos na reunião calavam-se e sentavam-se em suas cadeiras, de tal modo como um pinto de um piá tomando banho gelado no inverno. Por pouco não se apresentavam dentro da cadeira, de tão retraídos que ficavam. Essa caixinha, para a Secretária, continha suvenires, que colecionara ao longo dos anos, de viagens, congressos médicos e tal. Mas para os Super Homens, dentro daquela caixinha, encontravam-se pedras verdes vindas de um planeta chamado Crypton.
...
Confesso, fiquei dias apenas pensando como externar, nesse prólogo, o real conteúdo da caixinha, de maneira não explícita. Fracassei. Aqui no nosso amado e correto país chamamos essas pedras de pênis.
...
No Senado Federal, não é diferente. Alguns andam dizendo que o Presidente Lula está protegendo o Senador José Sarney para garantir a governabilidade de seu governo. Essa parece ser a palavra do momento (será que num palanque desses da vida, já usaram a máxima "governabilidade diferenciada"?). Mas na real não é isso que acontece. Ora, se, desde o início de cada escândalo (ocorre sempre antes do fim do escândalo anterior) realmente desligassem o ventilador, e desinfetassem a sala, não teríamos mais governabilidade do que anos de discussão sobre o assunto?
...
Não é para que o governo trabalhe, que se acolhe os bandidos do momento de baixo da saia. De outra feita, em algum momento, da "história desse país", notaríamos alguma "ordem e progresso", e não apenas CPI’s e essas coisas.
...
Como pode, o Lula, arrotar que não devemos tratar Sarney como "cidadão comum"? Que Ele merece respeito, pois "é a própria história política do país"? Se, foi o Lula, no tempo que era Lula, que disse que Sarney era "o grande Ladrão da Nova República" (hoje, velha, mas continua sendo).
...
Lula, o Novo Lula, junta-se aos Nobres Senhores do bem, Senador Fernando Collor e Renan Calheiros, em prol de uma causa nobre: As pedras que Sarney possui na caixinha.
...

3 comentários:

Anônimo disse...

É... Pegou pesado no objetivo final.
Me permites o contraditório?
Sabe-se lá se no fundo dessa caixinha não haverá uma jogada de mestre, prevista pelo homem que governa um País para todos os cidadãos. E não para determinadas correntes ou determinados partidos. O dito Homem tem um invejável currículo de retirante nordestino, famélico, torneiro mecânico, analfabeto, sindicalista de operários, fundador e dirigente de partido dos trabalhadores proletários, católico praticante (sua grande falha, deveria ser agnóstico, no mínimo), tenaz e perseverante (concorreu várias vezes, até se eleger), transparente demais pois diz o que pensa, inclusive que é corintiano (deveria ser Gremista...), grande líder mundial, etc.
Também não gostei da sua defesa ao dito Senador; mas não conheço os meandros da verdadeira História. Uma coisa é certa: O Grande Líder é suficientemente inteligente para saber o porquê do que fez. Não seria ingênuo ao ponto de não medir as conseqüências do desgaste político daí decorrente. Possivelmente os objetivos pelo País estariam acima desses desgastes.
Mudando de assunto: Concordo plenamente com as tuas colocações sobre o médico que tão bem conheces. Até hoje não consigo entender como ele tem a capacidade de clinicar, pesquisar, ler, traduzir, jogar xadrez, fazer intricadas esculturas, pintar e desenhar maravilhosamente. Ele conhece os caminhos de multiplicar o tempo... Que legal!

Aldinor.

romacof disse...

O grande problema das caixinhas está em seus conteúdos. Vide Pandora! Coitada, era para ser um presente, enquanto fechada, mas num ímpeto soltou todos os males. Lá dentro ficou, dizem, só a esperança (talvez porque é a última que morre ou a última que foge, ou sua permanência na caixa seja apenas um mito para que nós não a percamos). A caixinha de Perpétua em Tieta do Agreste guardava o pênis mumificado do falecido marido. Muitas caixinhas guardaram rapé, maconha, economias, cartas de amor ou segredos inenarráveis. Mas eu sei o que há na caixinha do senado federal! Um novelo! Um confuso emaranhado de rabos presos (em latim "rapus in presione"). Quando você abre a caixinha e olha lá dentro nada vê! É empírico! O novelo está em backups múltiplos há décadas (lembra: Sarney foi o arenista sacrificado para ser o herdeiro na diverticulite de Tancredo naquela eleição indireta que abriu...uma outra caixinha). Nós, os leigos, sabemos que o virtual não ocupa o tamanho do espaço real. Há as compactações. Coisa que o sistema de segurança em Brasília desconhece. Os HDs pequenos causam isto. De vez em quando têm que apagar tudo para gravar coisas novas. Quanto às caixinhas uma coisa é certa: elas não são transparentes. Caso fossem o conteúdos das conversas que transformam as decisões irrevogáveis em honras revogáveis poderiam ser públicas, já que são pelo bem da nação. Ou não são?

Romacof disse...

O voto nulo não anula a eleição! Mas, faz pensar! Inicia um debate! Chama as elites intelectuais, a mídia, e os próprios eleitos, que nada representam, para um posicionamento frente ao ESPASMO DEMOCRÁTICO expresso no ato de negar um direito. Digo espasmo democrático em contraponto com a atual forma de governo vigente no país: a plutocracia demagógica, onde os interesses econômicos são maquiados para que o povo pense que está votando e determinando o futuro da nação. Na verdade nós somos os cara-pintadas de palhaço que sustentamos com nossos impostos os bandoleiros eternizados pelo sistema. Se pensarmos um pouco, por esta ótica, chegaremos a conclusão de que a única maneira DEMOCRÁTICA de mostrar que o sistema está apodrecendo, é votando nulo. “9999-Confirme!”