terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Felicidade é o caos

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Já faz um certo tempo, alguns milhões de anos, nossos ancestrais estavam um tanto quanto incomodados vendo os seus sendo comidos por predadores ou massacrados por tribos rivais. Então, resolveram enfrentar o problema.
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Tinham a noção de que coisas pontudas, ou, ao menos muito finas, poderiam ferir a carne, humana ou de animais, ou, matar. Assim, a pedra, de fácil moldagem, e, ao mesmo tempo, dura e resistente o suficiente, tornou-se ótima alternativa para as primeiras armas, transformando-se em pontas de lanças, facas e tal...
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Historiadores da evolução da espécie humana contam que a partir daí, a coisa toda deu um grande passo, pois a carne entrou no cardápio de maneira definitiva. Sem diminuir a importância evolucionária dessas armas/ferramentas, nem o trabalho dos profissionais citados, na minha opinião, o grande feito nesse processo, de chocar pedras com o objetivo de molda-las, não foi exatamente o objeto obtido, feito mesmo era observar que chocando as pedras, por vezes, faíscas apareciam.
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Ora, sabemos o que a informática, por exemplo, evoluiu nos últimos 20 anos, pensando melhor, 10 anos, não, 1 ano... quer dizer... bom, comprei o computador, no qual escrevo este texto, no meio do ano, já está ultrapassado (e quando comprei era um "coice"). Agora, tendo em mente essa nossa capacidade de transformar/evoluir qualquer coisa, é fácil entender que daquelas faíscas que saiam das pedras, para o fogo, foi um tapa. Mais fácil ainda se entenderes que levaram mais tempo do que nós passamos de "tramelinha do bolachão" para pendrive.
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Acelerando um pouco mais o esquema evolucionário, sabe-se que, com o fogo, notou-se que os predadores não se aproximavam; com os predadores "controlados", poderiam dormir no chão; com estes seres mais no chão, e menos nas árvores, torna-se mais comum o andar ereto; assim, tornando as mãos mais ociosas, começam a carregar coisas, aumentando suas habilidades manuais, moldando/manipulando/criando novas ferramentas, com outros materiais, e, daí até chegarmos na Internet é outro tapa.
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Pulando logo este prólogo, que parece mais uma missa de Domingo (espero que não tão chato quanto), entramos na questão da felicidade.
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Se nossos ancestrais não estivessem incomodados com aquela situação, com predadores e inimigos, não teriam criado as armas, daí sem fogo e por aí vai. A felicidade é o caos. O que tu fazes quando feliz? A resposta é simples: NADA. O ser feliz quer mais é que a coisa fique como está. Se tu deixas como está, não trabalhas naquilo, e não evoluirá. Então, se o ócio é o caos, a adversidade, é a mãe da evolução. O ser infeliz, ou melhor, o ser que está numa situação adversa, cria/elabora maneiras de escapar de tal situação.
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Não falo aqui da "infelicidade triste", pois esta também é péssima na "ajuda" para evolução/progresso da mente. Sim, o ser deve obter estímulos, de outra forma, é como brincar de fazer um cão pegar algo e nunca deixa-lo pegar, o cusco certamente perderá a gana em faze-lo. "Infelicidade feliz"? bem, como diz um baita amigo meu do Norte: "Adoro os dias frios, cinzentos, de chuva que me deixam plenamente feliz de tanta tristeza".
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A umas duas semanas atrás, obtive um feito importante, que eu já buscava havia algum tempo, numa jornada longa, cheia de "infelicidade, felizes e tristes", o que tornou este feito ainda mais importante, e também feliz. Esta alegria, pelo feito, foi terrível. No dia do feito, pensava o tempo inteiro em ir para casa, sentar meu lombilho, e escrever sobre. O foda é que toda a tal alegria momentânea me tirou a vontade de escrever, eu queria escrever, mas não tinha o que escrever. No dia mesmo, já havia diagnosticado o problema, e pensei: "bom, se não escrevo hoje, amanhã ou depois já volto ao normal, e escrevo". Piça, a merda toda me tirou duas semanas. Me tirou? Bom, lembra que a felicidade te "faz fazeres nada"? Pois bem, no ócio não evoluo, não evoluindo fico para trás, e perco tempo.
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O que me deixava mais puto era que a raiva da tal alegria momentânea não me trazia de volta ao normal, chega a ser irônico. Continuava me aborrecendo com as notícias, com o que lia, que ouvia, com "aqueles seres iluminados" com seus porta-malas cheios de caixas de som, demonstrando o quão inversamente proporcional são seus cérebros em relação ao volume que usam. Mas não normal, esse estado mesmo só fui "reconquistar" novamente semana passada, com outro episódio, de um asno vomitando crueldade para cima do meu amigo Duff.
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Sejamos coerentes, não há ser feliz, bom, talvez sim, mas é fato que o grau de felicidade do ser é inversamente proporcional a sua ignorância sobre os fatos. O que precisamos são "injeções" momentâneas de alegria, mas, que estas não durem muito, para que não percamos muito tempo.
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Que bom que é ruim, ou, usando uma frase eternizada na minha família pelo meu irmão: "é ruim, mas é tri". Ele usou essa "verdade" com outro propósito, mas certamente se encaixa na minha teoria. Que "prova", que felicidade é o caos evolucionário, que a adversidade é que deve ser buscada, e, que voltei a ser normal, voltei a ser infeliz, felizmente.

3 comentários:

. disse...

Olá amigo, tinha um email seu na minha caixa de entrada dizendo "bom, eu gostei", não sei do que, mas toda mensagem positiva é muito bem-vinda.

Gostei do seu blog, mas preciso ler com mais paciência, retorno em breve, prometo.

Só estou mandando o comentário antecipado por conta da sua foto com o Spock, é um collie não?

Eu e minha namorada temos um muito parecido.

Abraços

Anônimo disse...

Gostei muito da maneira intrigante que escreves; particularmente nas divagações sobre o título "Felicidade é o caos".
Claro, sobre qualquer assunto se pode tecer o contraditório (esse exercício gostas de fazer...). No caso em tela, se poderia dizer também: Felicidade é o caos, mas infelicidade é mais ainda). Então, qualquer assunto pode gerar tantos outros... Felizmente.
Continue!

Aldinor.

Anônimo disse...

Gostei! Nada como desenrolar do cérebro os argumentos que defendem um ponto de vista polêmico na contra-maré da opinião geral... pelo menos até que leiam, e pensem! Compreendo seu conceito de felicidade estagnante. Não definiria a infelicidade como o gatilho da evolução... quem sabe para os poetas, artistas trágicos, e argentinos! Gostei mais de adversidade... a mãe da aflição latente, a que nos tornou macacos pré-qualquer-coisa! Não gosto dos putos, piças, e merdas! Isto desbuceteia sua boa narrativa! Encaralhe-a com classe! Um abraço.